Do pouco que restou de mim...ainda penso que não pode ser assim...
Ainda não vivi a vida que tenho, que é minha...é o que sinto. Que ainda nem sequer comecei a viver. E tenho pressa. Não quero esperar...esperar o quê? Preciso nascer com urgência. Quero sentir a vida correr nas veias, sentir que pode não haver amanhã, que amanhã posso não acordar...e quem irá lembrar de mim? Quem irá viver por mim os amores que podiam ser e não foram? Quem terminará todas as histórias que tenho por acabar? Ninguém... esta vida é só minha. E hoje eu posso escolher qualquer caminho. Posso decidir sofrer ou amar de todas as formas possiveis...nas tantas formas de amar. Preciso comemorar tanta coisa...Tem que ser hoje. Tenho que dizer a quem gosto de verdade, que gosto de verdade. Tenho que deixar as palavras que estão presas, sairem. Não me entristece sentir que ficou tudo por fazer...não quero isso.Não quero adiar a vida em esperas inúteis. Se sou feliz assim, mesmo faltando tantas coisas, quero brindar, em forma de agradecimento.Quero agradecer cada segundo que tenho ao meu dispôr, antes que a cortina se feche...antes que tudo termine. E se esse ultimo dia for hoje?O espaço voltará a ficar vazio, tal como estava antes de eu chegar. Alguem sentirá a ausência? Saudade? E quando já não houver lembrança do que fui, quando já não houver memória, quando já ninguem sentir falta, aí sim...fica o espaço. O vazio. Quando partir, toda a vida continua...sem mim. Mas enquanto eu estiver aqui quero encher este vazio de mim, de tudo aquilo que sou. Mas não quero mudar nada. Quero ser este emaranhado de confusões, porque gosto. Quero continuar a rir daquilo que sinto, que penso, que sou...a rir de mim mesma. A ver sempre o lado mais cômico de tudo, tirar proveito das coisas mesmo que não seja para aprender. Continuar a acreditar que não há más experiências. Quero continuar a acreditar no melhor das pessoas. E quero, acima de tudo, sentir sinceridade nas palavras. Isso sim, é o meu objetivo. E sei que vou conseguir. Haverá um olhar que me dirá que sim, que há verdade nas palavras. Que as palavras nem sempre são vãs. Que podem ser sentidas e vividas. E vamos combinar? É preferível ter uma puta de vida que uma vida de puta. A vida é ingrata? E eu ligo?? Eu estou viva! E nem vale a pena pensar no que poderia ser...faltará sempre alguma coisa. Quero viver todos os amores... todos!Quero viver todas as loucuras e sentir a pele que se rasga, por amor. Não vou perder para só depois sentir a falta. Não quero ser como tantas outras que tem no sexo o consolo, só porque me falta um grande amor. Eu tenho tantos pequenos grandes amores... e vou dizê-lo. Cada coisa a seu tempo... antes de existir fruto, houve uma flor. E chegou o tempo exato. Quem sabe possa ainda ter tempo para ouvir as palavras que corações teimam em calar? Quero viver. Apaixonar-me por tudo o que tenho em mim, por tudo o que encontro nos outros. E continuar estes poucos anos que faltam, sorrindo. Afinal, sou uma heroína...e as heroínas morrem de pé.
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